Um dos significados da palavra Cólera, entre tantas definições, é o de ‘irritação forte que incita contra aquele que nos ofende ou indigna’. Literalmente assim mesmo, ta lá no dicionário. Pra quem gosta de música, sabe também que Cólera é o nome de uma banda seminal do punk rock brasileiro. Apropriadamente batizada, diga-se. Isso porque o trio paulista Redson (voz e guitarra), Pierre (bateria) e Val (baixo), com 31 anos de existência, ainda despeja todo seu descontentamento contra um adversário comum, não só para eles, mas para todos nós: as injustiças do mundo e a postura condescendente de uma sociedade tão doente que não respeita nem a natureza.
Na última sexta-feira - na madrugada de sábado, melhor dizendo - os caras tocaram mais uma vez em Porto Alegre, no Garagem Hermética, e mostraram que ainda estão firmes e fortes em seu propósito de fazer um som simples, mas consciente e de alerta. Nem mesmo as três décadas de história foram capazes de diminiur a disposição do conjunto em cima do palco. Durante cerca de 90 minutos, o Cólera mostrou um vitalidade de invejar, algo quase juvenil, só que protagonizado por tiozões que ainda acreditam no que estão fazendo. Foram cerca de 90 minutos de uma espécie de aula sobre o punk nacional. Porém, a lição foi repassada ao público – que agitou e ‘pogou’ durante todo o tempo – de maneira menos convencional que a de costume, mas não menos didática. A ferramenta usada para essa prelação hardcore foi um repertório que passeou por clássicos de sua trajetória, como Pela Paz, Medo, Dia e Noite, Noite e Dia, X.O.T, Subúrbio Geral, 1.9.9.2, Palpebrite e ainda por canções mais recentes, como Águia Filhote e a faixa-título do até então último álbum de estúdio, Deixa a Terra em Paz.
Mas, nem tudo foram rosas. Um dos pontos negativos foi o atraso. O show estava previsto para começar às 23h30min, mas iniciou pouco depois das 2h. Outro foi que, infelizmente, a galera demonstrou ainda ter muito o que aprender, já que a apresentação teve de ser interrompida por cerca de 15min em função de uma briga (sim, rolou a famigerada treta) entre punks e supostos skinheads.
Mesmo cansados e chateados com o comportamento da público, o trio seguiu seu cronograma até o fim, mostrondo que a simplicidade e a urgência do punk não são coisas só de gurizada. Depois do show, lá pelas 6h, Redson e Val toparam fazer um bate-papo descontraído. Entre os assuntos da pequena entrevista estão a longevidade do Cólera - que começou sua carreira em 1979 -, a satisfação de ainda estar na ativa e o novo disco, chamado Acorde! Acorde! Acorde, que deve sair ainda este ano. Para os que perderam, ainda há esperança. O giro do trio pelo Rio Grande do Sul continua neste sábado, em Ivoti, e domingo, dia 12 de junho, em Canoas. Confere aí o que os caras tem a dizer! Ah, a edição foi feita com a ajuda do brother Paulo Caramês.
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